As crianças, participantes ativos da sociedade, estão constantemente imersas em práticas culturais com a linguagem escrita, e os modos como esta linguagem está presente na vida das crianças varia em relação as condições materiais e concretas. Na Educação Infantil a apropriação dessa linguagem se dá em articulação com outras, nas interações e práticas cotidianas. Nesse sentido, muitas questões nos inquietaram: como a criança pode se apropriar da linguagem escrita na Educação Infantil? Como a linguagem escrita se presentifica nos currículos e práticas cotidianas em instituições educativas? Quais experiências possibilitadas às crianças que envolvem o ensino e aprendizado da linguagem escrita? Dessa problematização e da impossibilidade de desenvolver pesquisa de campo, nos propomos a investigar os documentos e materiais que orientam os currículos em âmbito nacional e local, a Política de Nacional de Alfabetização (BRASIL, 2019), a BNCC (BRASIL, 2017), DCNEI (BRASIL, 2009), DCRNEI (RN, 2018) e os cadernos de formação do Projeto Leitura e Escrita na EI (MEC, 2016) – material utilizado no PNAIC RN, na busca de entender como orientam as práticas e tecem relações e contradições entre esses documentos, diretrizes e ações da PNA, tendo em vista o impacto que essas políticas têm sobre os rumos no campo educacional. Fundamentados na abordagem histórico cultural de Lev S. Vigotski (2005; 2007) e proposições do dialogismo de Mikhail Bakhtin (1995; 2003), desenvolvemos a pesquisa assumindo procedimentos de pesquisa bibliográfica e documental. Na análise dos dados, identificamos que a linguagem escrita se constitui como prática cultural, discursiva que é apropriada pelas crianças por meio da mediação pelos outros e pelos signos. Que deve, portanto, ser inserida nas práticas cotidianas das crianças, em suas interações e brincadeira, oportunizando experiências que envolvam a escuta, a produção oral e escrita, a leitura e a participação em contextos de letramento (BRASIL, 2009; 2017; RN, 2018). Respeitando as particularidades da etapa da educação infantil, isto é, a imersão na cultura escrita sem fins de alfabetização. Percebemos ainda que os textos dos cadernos de formação apresentam consonância com os documentos curriculares analisados, atribuindo a escola e ao professor o papel de oportunizar experiências que ampliem a visão de mundo, sem, no entanto, desconsiderar a integralidade e especificidades das crianças (MEC, 2016, p. 22). Quanto a PNA encontramos dissonâncias e retrocessos em relação aos documentos, entendendo a Educação Infantil como etapa preparatória para o ensino fundamental, o que influência nas concepções de criança e linguagem. Esta não mais é entendida como prática cultural, e sim, como uma competência a ser adquirida; e aquela como sujeitos passivos e dissociados do mundo. Os resultados apontam para rupturas desnecessárias e retrocessos no contexto curricular e de formação docente que podem causam um contrafluxo nas discussões e nas práticas cotidianas com a linguagem escrita.
Comissão Organizadora
Thaiseany de Freitas Rêgo
RUI SALES JUNIOR
Comissão Científica
RICARDO HENRIQUE DE LIMA LEITE
LUCIANA ANGELICA DA SILVA NUNES
FRANCISCO MARLON CARNEIRO FEIJO
Osvaldo Nogueira de Sousa Neto
Patrício de Alencar Silva
Reginaldo Gomes Nobre
Tania Luna Laura
Tamms Maria da Conceição Morais Campos
Trícia Caroline da Silva Santana Ramalho
Kátia Peres Gramacho
Daniela Faria Florencio
Rafael Oliveira Batista
walter martins rodrigues
Aline Lidiane Batista de Amorim
Lidianne Leal Rocha
Thaiseany de Freitas Rêgo
Ana Maria Bezerra Lucas